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MODELO TRIDIMENSIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EMPRESA FAMILIAR

Atualizado: 1 de set. de 2020

Em busca de uma maior compreensão sobre as empresas familiares, foi proposto um novo modelo que enriquece as análises feitas a partir do modelo de três círculos. Observou-se que era necessário levar em consideração as mudanças ocorridas ao longo do tempo nos três subsistemas do modelo de três círculos da empresa familiar de modo que se retirasse a visão estática que era dada a um modelo, claramente, de natureza dinâmica. Explica-se essa alteração pelo fato de "[...] muitos dos mais importantes dilemas enfrentados pelas empresas familiares são causados pela passagem do tempo, e envolvem mudanças na organização, na família e na distribuição da propriedade".

Como o próprio nome descreve, o modelo apresenta três dimensões de desenvolvimento nas quais cada subsistema do sistema familiar se desenvolve em um ritmo e sequência própria, no entanto, influenciando os demais conforme progridem. A cada alteração de estágio, independente de qual seja, o empreendimento toma uma nova forma, com novas particularidades. Vale ressaltar que o modelo é apenas um dos diversos desenvolvidos por estudiosos para entender melhor as dinâmicas da empresa familiar; existem outros estudos que desdobram em mais estágios de cada subsistema, por exemplo, na dimensão “empresa” pode-se desdobrar em capitalização, desenvolvimentos de portfólio de produtos, etc.

Ao observar a Figura 1, é possível observar as diferentes etapas em cada um dos eixos do modelo. A dimensão da empresa é subdividida em três fases: início, expansão/formalização e maturidade, já no eixo da família existem quatro categorias: jovem família empresária, entrada na empresa, trabalho em conjunto e passagem do bastão. Por fim, a dimensão da propriedade é decomposta em três fases: proprietário controlador, associação de irmãos e consórcio de primos.

FIGURA 1 - Modelo Tridimensional de desenvolvimento da empresa familiar

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Fonte: IBGC, 2016


O eixo propriedade descreve como a propriedade evolui ao longo do tempo. É sabido que as diferentes formas de estruturas de propriedade influenciam em todos os âmbitos da empresa familiar. Porém, buscando um modelo simples e útil, verificou-se e definiu-se que os principais pontos do desenvolvimento da propriedade são abordados em três estágios: empresas com proprietário controlador, associação de irmão e consórcio de primos. Esta dimensão sugere que grande parte das organizações familiares iniciam com um único proprietário e, posteriormente, passam para sociedade entre irmãos até alcançar o consórcio entre primos. Desse modo, a quantidade de indivíduos proprietários tende a aumentar com o passar do tempo. Essa sequência não é uma regra, pois as empresas podem passar de um arranjo para qualquer outro sem restrição.

Já em relação a dimensão de desenvolvimento da família, que possui como fases a jovem família empresária, entrada na empresa, trabalho conjunto e passagem do bastão, Essa dimensão explicita o desenvolvimento estrutural e interpessoal de um núcleo familiar por meio de eventos como casamento, relacionamentos entre irmãos adultos, cunhados e sogro, paternidade, padrões de comunicação e papéis familiares. Acrescenta-se a isso que o eixo família remonta ao envelhecimento natural de seus membros. Pode-se haver mais de um grupo familiar na empresa e esses grupos podem estar em estágios diferentes do seu ciclo de desenvolvimento, por consequência, enfrentando problemas distintos.

Por último, o eixo de desenvolvimento da empresa/gestão expressa a diferença entre os estágios que a empresa evolui, em outras palavras, a maturidade em que a empresa está do seu desenvolvimento. O estágio inicial compreende a fundação da empresa e sua luta pela sobrevivência nos primeiros anos; em seguida o estágio de expansão/formalização envolve as empresas que se estabeleceram no mercado com uma rotina de operações estabilizadas, alcançadas por meio de expansões e do aumento da complexidade organizacional. As organizações nesse estágio vivenciam consequências positivas e negativas do crescimento, como mais oportunidades e mais senso de possibilidade, juntamente com mais tensões advindas da expansão extrapolar a infraestrutura disponível. Esse crescimento e mudanças organizacionais diminuem de maneira drástica a sua velocidade com o tempo, alcançando o último estágio do eixo, chamado de maturidade.

O último estágio consiste na estagnação da empresa em uma rotina operacional vinculada a um comportamento automático que, de certa forma, cega os envolvidos em relação as expectativas e possibilidade de crescimento do negócio. A competitividade no mercado cai, visto que os produtos deixam de evoluir e as dinâmicas competitivas migram para batalhas menos lucrativas no mercado. Vale ressaltar que a necessidade de mudança não está restrita a empresas que apresentam mal desempenho, mas também aquelas que operam com eficiência e estão em posição dominante no mercado. As saídas propostas pelos autores para as empresas familiares deixarem o estágio de maturidade são a renovação e reciclagem, ou a morte da empresa.

Autor: Nilson Andrade Jr.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASILLAS, J.; VAZQUEZ, A.; DIAZ, C. Gestão da Empresa Familiar: Conceitos, Casos e Soluções. São Paulo: Thomson Learning, 2007.


DAVEL, E.; SILVA, J. C.; FISCHER, T. Desenvolvimento tridimensional das organizações familiares: avanços e desafios teóricos a partir de um estudo de caso. Revista Organizações & Sociedade, Brasília, v. 7, n .18, p. 99-116, maio/ago. 2000.


INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA – IBGC. Governança da família empresária: conceitos básicos, desafios e recomendações. 48 p. São Paulo, SP: IBGC, 2016. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/userfiles/2014/files/Arquivos_Site/GovernancadaFamiliaEmpresaria_IBGC.pdf>. Acesso em: 24 Jun 2020

VIEIRA, F. P. Análise dos desafios estratégicos de uma empresa familiar em processo de sucessão: estudo de caso na cidade de João Monlevade – MG. Dissertação (mestrado) – Faculdade Novos Horizontes, Mestrado Acadêmico em Administração. 117 f. Belo Horizonte, 2008. Disponível em: <http://unihorizontes.br/novosite/banco_dissertacoes/160820091733542527.pdf>. Acesso em: 24 Jun 2020.

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